quinta-feira, janeiro 05, 2012

A falta de ética de um professor semideus


 

Primeira aula do ano. O professor entrou na sala, fez alguns comentários sobre o Réveillon da capital e ironizou a queima de fogos no Açude Velho em Campina. Perguntou se alguém havia ido ver. Como já havia feito piadas sobre o assunto, quem admitiria publicamente que esteve no açude assistindo à queima de fogos?

 

Ao conjugar o verbo "caber" na primeira pessoa do indicativo, mais uma vez, ele voltou a falar da comilança no final do ano, mencionando que as pessoas engordam muito nessa época. Brincou dizendo que se houvesse mais uma semana de festas, ele não caberia em duas cadeiras. A turma riu, porém, um riso amarelo pairou na sala, pois havia muitas pessoas acima do peso.

 

Ao discutir a função sintática da contração de preposições e artigos, o professor destacou a importância do artigo. Questionou um aluno se ele gostava "de loiras" ou "das loiras". Como o aluno respondeu "das loiras", incluindo cerveja, como enfatizou, o professor sarcástico disse que o estudante poderia procurar a Rua João Pessoa e encontrar "algumas delas", referindo-se às travestis que trabalham na região. Sem rodeios, a turma riu mais uma vez.

 

Aqui e ali, ele faz piadas sobre cidades pequenas, retratando-as como “atrasadas”, sem vida, quase uma “sociedade primitiva”. Aproveita para ridicularizar a Região Norte, usando como exemplo uma aluna de Belém. Em diversas ocasiões, utiliza incorretamente a colocação pronominal e a concordância para se referir às pessoas economicamente desassistidas. E ele o homem da distinção.

 

O ápice do absurdo ocorreu na última terça-feira. Segundo ele, uma aluna deixou um bilhete pedindo desculpas, alegando não gostar desse tipo de piadas, por achá-lo chato e até grosseiro. No entanto, ela foi à igreja e teve uma revelação, sentindo a necessidade de pedir desculpas ao professor. Assim fez, deixando um bilhete na instituição onde leciona, sem querer ser identificada.

 

O cursinho, talvez sem saber que o professor repreenderia a aluna, identificou a pessoa como uma loira, sem mais detalhes. O professor, piadista e conservador, começou descrevendo o conteúdo do bilhete, ironizando o credo da moça e a forma como ela teve a revelação. A turma ficou dividida: risos de um lado e constrangimento de outros, especialmente dos muitos evangélicos presentes.

 

Para finalizar, com muito sarcasmo, afirmou que quem deveria pedir desculpas era ele, pois não sabia que ela não gostava de humor, sugerindo que ela era uma pessoa mal-humorada. Com falta de ética e educação, ainda usou o clichê de que "nem o Salvador agradou a todos", imaginem ele. Ressaltou que sua função não era agradar a ninguém, mas sim ensinar o que os alunos NÃO SABIAM. Seria ele uma espécie de salvador da ignorância alheia? Mal sabe ele que naquela turma há pessoas graduadas em Letras e outros que não suportam piadas de mau gosto, embora não expressem isso por medo de represálias.

 

Então, qual seria o motivo de ele continuar fazendo essas piadas? Espero que a instituição de ensino não concorde com esse tipo de posicionamento. O cursinho não pode permitir que isso ocorra, nem deixar que os alunos se sintam constrangidos devido à conduta "conservadora" e antiética de um professor.


3 comentários:

  1. Se não gosta do professor saia do cursinho...É simples! As aulas desse professor que você não citou o nome são excelentes!

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  2. As aulas são boas, mas as piadas são preconceituosas. É inadmissível que pessoas achem normal tal comportamento. Eu só não posso concordar. Por isso exponho minha opinião. Se não concorda com meu ponto de vista não posso fazer nada. Meu blog é meu espaço. Ler quem gosta, volta a ler quem quer.

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