Nem toda confraternização de final de ano é chata. É bem verdade que aquelas do trabalho ou da família estão burocratizadas. São as mesmas decorações, os mesmos convidados, os mesmos presentes entregues, sempre se comparando preço e tamanho do afeto pelo valor do presente. Sem contar os prelúdios caudatários acerca do amigo oculto, falando das virtudes destacadas apenas em nome do convívio social.
Há momentos que precisamos estar juntos de nossos amigos de verdade. Aqueles que, se passamos alguns meses sem vê-los, sentimos um aperto. Aqueles que nos fazem rir até dar na barriga, contando as histórias que já conhecemos de cor e salteado. Aqueles que, apenas um abraço apertado e um sorriso no rosto, nos dão energia para enfrentar uma semana difícil, uma crise no trabalho ou uma briga com o cônjuge.
Dessas festas eu não abro mão. Faço questão de estar presente, pois teremos conversas para mais um ano. Marcamos um desses encontros com amigos queridos, com mais aqueles que vão se aproximando do pequeno círculo e se tornando membro do grupo. Pronto. Foi definido que seria na casa de amigos que amo muito e sou meio que padrinho do casal, pois foi em minha casa que os dois se conheceram.
Recebo uma ligação do anfitrião perguntando se tinha alguma sugestão para os petiscos e o jantar. Ops, não sabia que era um jantar. Ficou combinado que todos levariam alguma coisa. Eu sugeria levar um prato que gosto muito de fazer e todos gostam, pois entre os participantes da festa haveria lacto vegetarianos. Fomos às compras e encontramos uma velha amiga do casal e minha ex-colega de trabalho, rimos bastante, falando bobagem e das viagens de final de ano. Despedimo-nos e continuamos a falar o que faríamos para a noite.
Uns levariam uma lasanha, outros levariam refrigerante e o dono da casa ofereceria legumes e frutos assados na chama, ou melhor, numa churrasqueira libanesa, emprestada pela vizinha, uma verdadeira engenhoca que chamou a atenção de todos. Foi oferecido um banquete e muita hospitalidade. Os primeiros a chegar foram um casal de amigos muito queridos, com a famosa lasanha. Tinha uma aparência linda. Que pena que era de carne. Deixe de comê-la há anos. Ela elegantíssima como sempre, com seu penteado charmoso e sorriso cativante; ele com seus cabelos grisalhos e um livro na mão, parecendo um lorde inglês. Colocam um CD de música instrumental e começam a dançar apaixonados na sala.
Eu havia passado a tarde na casa dos anfitriões, preparando o prato do chef, uma batata recheada com catupiry e cheddar, uma novidade para alguns, com um toque de "o gosto pode não estar dos melhores", mas a aparência chamava a atenção. Claro, para impressionar, coloquei folhas da coroa do abacaxi para dar um toque tropical ao prato com cor de açafrão da terra e decorado com batata palha.
Os donos da casa colocaram o DVD "Um barzinho e um violão, com clássicos da música brasileira, interpretado por grandes nomes. Recebemos a ligação de nossa amiga, a produtor dizendo que estava em um supermercado e passaria para nos dar um abraço. Poucos minutos depois, chegou com seu sorriso encantador, abraços gostosos como pudim caramelado e alegria sapeca de criança. Começamos a comer, uma comida deliciosa.
Os anfitriões sempre preocupados em saber se estávamos à vontade, se a comida estava legal, se queríamos bebida, se o vinho estava gelado, sugerindo mais uma manga na chapa, um ovo de codorna ou um queijinho com pão assado e azeite.
Comemos, contamos história e rimos, rimos muito. Chega nossa amiga Silvânia Araújo com seu jeito moleca, dando risada e contando as travessuras de Djalma, namorado de Carolina, vizinha dos anfitriões. Silvânia come, elogia a comida, a hospitalidade, conhece a casa dos donos do banquete.
É chegada a hora de contar como os anfitriões se conheceram. Mais histórias engraçadas. Coisas inimagináveis de acontecer. Silvânia conhecia uma parte, eu a outra. Os pombinhos contam cada um a sua versão e damos mais risadas. Duas histórias que se entrecruzaram, foram juntando amigos e hoje somos uma grande família, amando e respeitando uns aos outros. Prometemos mais encontros para o próximo ano. Despedimo-nos dos convivas com abraços e beijos, já pensando nos próximos banquetes alegres e fraternos.
Confraternização assim é a melhor coisa que existe. Pena que faltou uma de nossas convidadas. Fica para a próxima. Acho que vai ser aqui em casa. Não pode faltar comida, um vinhozinho e muita conversa boa, risada e sorrisos bonitos de minhas amigas Moema e Silvânia. Nem precisamos tirar fotos. Muitas vezes elas atrapalham a espontaneidade do momento e nos mostram o que não somos. Toda foto é meio uma realidade criada. Nas fotos, somos um personagem.
Mas já fez poesia em texto, Senhorzinho "ZERO" ???
ResponderExcluirhehhehe
Muito bom estar com vocês!
Também quero mostrar meus dotes culinários no próximo encontro!
Atum é bem-vindo por seu paladar, não é mesmo?!?
Um abraço recheado (abraço! Não é a batata! rsrrs) de PARAHYBANIDADE!
Moema Vilar