sábado, junho 18, 2011

Os mistérios e encantos do Japão

Praça de alimentação do evento

Quem foi ao Museu Oscar Niemeyer de Curitiba, na manhã deste sábado (18), viu que os jardins do museu se transformaram na embaixada do Japão para receber o 21º Imin Matsuri, o Festival do Imigrante Japonês, que termina no domingo (19).

Pensado pela Associação Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba para comemorar a chegada do Kasatu Maru – navio com imigrantes japoneses que desembarcou em Santos, em 1908 – o festival apresenta comidas, artesanato e decoração do ambiente com lanternas típicas da cultura oriental.

Interessante como na cultura nipônica o tradicional convive bem com o ultramoderno. Ao mesmo tempo em que se observa uma armadura samurai do período Edo (1603-1867), no stand do Consulado Geral do Japão, adolescentes “cosplay” desfilavam com suas fantasias colorindo ainda mais os corredores do evento.

Um grupo de senhoras, trajando roupas típicas, dançava uma música cantada pelo campeão brasileiro de karaokê. Em seguida, um grupo de adolescentes coreografava uma música moderna cheia de batidas eletrônicas e alongada por samples, que lembravam as trilhas sonoras das máquinas de dança.

Para aqueles que buscavam a arte da caligrafia japonesa, havia vários lugares nos quais era possível ter seu nome gravado em um dos “alfabetos japoneses”. Eu passei no Consulado e tive meu nome ‘ideografado’ por Felipe, um estudante do curso de Língua Japonesa (UFPR).

Quem foi ao festival em busca de artes marciais e música encontrou apresentações como show de tambor (taiko), dança (odori), artes marciais (kendo, aikido e outros) e ainda pôde participar de karaokê.

Por outro lado, os que buscavam, assim como eu, gastronomia encontraram uma praça de alimentação com iguarias como: sashimi, tempurá, sushi, tempanyaki, yakissoba, okashi (doces), udon (macarrão japonês) e yakitori (espetinhos de frango com molho típico), balinhas de coco e gelatina de pinga.

O que me chamou a atenção no espaço gastronômico foi uma “casa de câmbio”, na qual o visitante compra a moeda do festival e pode usar nas diferentes barracas, evitando os clássicos problemas de troco. Pode-se comprar a quantidade de “dinheiro” que quiser. Se não usar tudo, devolve-se na saída.

Outro espaço que me chamou a atenção foi o lúdico. Havia jogos de tabuleiro complexos, com peças misteriosas. Porém, existia uma brincadeira da qual eu pude participar: hirô mamê. “O hirô [pegar] mamê [grãos de soja] é uma prática que os professores fazem para as crianças aprenderem a comer com os háshi [pauzinhos japoneses]”, explicou Érica Shiono, ex-intercambista que morou no Japão.

O hirô mamê consiste na seguinte tarefa: pegar os grãos de uma bandeja e passá-los para outra vazia, usando os háshis. Depois, faz-se o inverso. Já na terceira tentativa, compete-se com outros concorrentes.

Confesso que não fui mal. Competindo com outros novatos, assim como eu, coloquei 18 grãos na bandeja; o segundo candidato, 14, e o terceiro, apenas 11, em um minuto. Até ganhei um brinde: um encarte com três desenhos de bonequinhas japonesas, ofertado pelo Ministério das Relações Exteriores do Japão. Saí feliz da vida.

quarta-feira, junho 15, 2011

Sobre curitibanos e cães



PPara os não-nascidos na capital paranaense, os curitibanos são extremamente “frios”. Lembro que na semana em que cheguei a Curitiba, um dos moradores da casa na qual estou hospedado perguntou: “Sabe o que o curitibano fala ao encontrar a esposa com outro? Nada. Eles não falam com estranhos”.

Na verdade, não costumamos emendar uma conversa com pessoas que nunca vimos, nem conhecemos. Desde pequenos, nossos pais aconselham a não falar com estranhos. O curitibano levou isso muito a sério. Não é fácil trocar uns dedinhos de prosa com eles se os virmos pela primeira vez.

No entanto, se quiser falar com eles por mais tempo, sem nunca tê-los visto, tenha um cachorro. Repetidas noites, saio com Mabi, uma poodle que pensa que é gente, que pertence à minha anfitriã, e os outros donos de cães logo perguntam se “é uma moça ou um rapaz”, o nome e quantos anos tem, perguntas que fazemos sobre bebês humanos.

Ao descobrirem que não sou curitibano, perguntam de onde sou, o que estou achando do frio, qual minha impressão sobre a cidade, nossa! Soltam a língua. Questionam a finalidade de minha vinda à cidade o que já visitei e me sugerem os locais que deveria ir. “O Parque Tingui é lindo, um dos mais bonitos de Curitiba”, disse-me uma senhora que puxava José, yorkshire mal humorado.

Outros ficam revoltados com a situação dos animais de rua, a ponto de quererem a prisão dos “canalhas que abandonam os bichinhos na rua. O que eles fizeram de mal a eles? Eles não têm como se defender, ficam com fome, com frio. É um crime”. Confidenciou-me Augusta, uma senhora dessas que tagarelam com quem tem cachorro, sem nem olhar para um sem-teto, deitado perto da fonte da Praça Rui Barbosa.

Aqui, os cães são praticamente da família, andam com roupas quase humanas, ainda não vi os de cachecol, mas de suéter, nem conto as vezes. Os proprietários se referem aos seus cães como se fossem “meu bebezinho, que a mamãe ama tanto”, dão beijinho nos pets e os carregam no colo, como se fossem recém-nascidos (humanos).

Se você não é curitibano, assim como eu, e quer papear com eles e conhecer um pouco mais sobre o povo da “capital modelo”, tenha um cachorro. Se não o tiver, saia com o do vizinho ou de quem o estiver hospedando, além de ser uma ótima atividade física, é uma investigação sociológica ímpar.

domingo, junho 12, 2011

Muita Gentileza e uma carona

Universidade Livre do Meio Ambiente - Unilivre


Para quem gosta de outras culturas como eu, aqui me refiro ao conjunto de manifestações e modos de agir, costumes e instruções de um povo, Curitiba se mostra cada dia mais interessante. Não se pode conhecer a “capital Ecológica do país” na teoria. É preciso se deixar perder, sem guias turísticos, para saber conhecer melhor o curitibano.

“A cidade modelo” desperta grande curiosidade em descobrir sua história e sua fama. Hoje, estava ensolarada, temperatura amena. Resolvi sair um pouco. Fui à Unilivre - A Universidade Livre do Meio Ambiente - uma Organização Não-Governamental pioneira na inclusão dos segmentos sociais para a discussão sobre o meio ambiente.

Depois de perambular pelo espaço, uma pedreira desativada. Resolvi tomar o ônibus para o Centro. Mas antes, perguntei a um senhor, muito simpático, como faria se quisesse conhecer o Bosque Alemão. Ele disse não saber direito, mas perguntaria a outro que estava no carro. Ele não apenas me informou como me ofereceu carona, pois estavam indo para lá.

Apesar de serem de Curitiba, estava apresentando o parque a uma prima, Cláudia Patrícia, que não conhecia os parques curitibanos. Fiquei constrangido, pois pensei que estava incomodando. Resolvi aceitar a gentileza dos anfitriões.

Fui até o carro da Família Marcantônio Júlio. Gabriel, um dos filhos do casal, mudou de carro, foi no colo da avó, para me ceder o lugar. Calebe, sentado na cadeira apropriada para a idade, ia rabiscando uma revista e pedindo para o avô escrever em “letras cursivas”, enquanto o carro trepidava. “Trepidava, não, tremia”, como insistia. Perguntaram de onde eu era e se tinha parques como os curitibanos na Paraíba.

Ao chegar ao Bosque, um parque que homenageia a cultura e as tradições que os alemães trouxeram para Curitiba, agradeci pela carona e me despedi da família. Não sem antes receber um panfleto com uma bela mensagem. Quando já ia para casa, reencontrei a família, sendo “puxada” por Calebe, agora lendo a história na “Trilha de João e Maria”.

Fragmento da História de João e Maria - na Trilha há o conto inteiro
É sempre bom conhecer outros lugares. Quando vem acompanhado de pessoas gentis, melhor ainda.