O SESC (Serviço Social do Comércio) apresentou, nesta segunda-feira, 27, no Parque do Povo, o espetáculo "O Amargo Santo da Purificação", da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre (RS). O palco do Maior São João do Mundo serviu de cenário para contar a história de um sonhador.
A encenação, que começou às 16h, narrou a história do revolucionário baiano Carlos Marighella, um dos principais líderes políticos comunistas que o Brasil já teve. O espetáculo inicia com uma espécie de arqueologia do guerrilheiro, trazendo à cena a sua herança genética. Apresenta a fusão da cultura de sua mãe, uma negra de origem haussás, conhecidos pela combatividade nas sublevações contra a escravidão, e de seu pai, um imigrante italiano vindo da Regio Emília, localidade com sindicalismo forte e pouco submisso ao poder central de Roma.
Com uma babel de cores, máscaras, sons, simbologia afro-brasileira e energia pulsante, os 26 atuadores deram vida ao personagem, contando também a história da repressão e horror que nosso país viveu durante o governo dos generais-presidentes. A performance é, como diz o prospecto da obra, “uma visão alegórica e barroca da vida, paixão e morte do revolucionário Carlos Marighella”.
E serviu para mostrar a fragilidade dos indivíduos perante o poder absolutista de um Estado Leviatã, que funciona como rolo compressor e esmaga as manifestações democráticas em nome de uma política hegemônica positivista, que não aceita contestação nem as diferenças, sempre em nome de uma ordem que não gera progresso.
Faltando uma semana para as eleições, espero que o espetáculo tenha servido para o público pensar naquilo que os governantes podem se tornar se não existir um povo consciente e livre para decidir seus rumos. Se, como picharam nos muros de Campina, “Marighella vive!” É importante que os sonhos de um país mais democrático e que respeite a diversidade estejam cada dia mais fortes. Como diz o próprio Marighella, em "Rondó da Liberdade",
É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.
é preciso ter a coragem de dizer.
Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.
Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.
Vida longa à liberdade! Vida longa à arte que nos liberta, nos emociona! Vida longa ao SESC, que traz espetáculos políticos como esses! Axé e avanti, cultura brasileira, híbrida e pulsante!
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