O horário eleitoral é um verdadeiro picadeiro. Dele emergem desde aqueles que se consideram os leões enjaulados, exibindo caninos afiados e discursos raivosos, até os que se imaginam donos do circo, incluindo muitos palhaços. Calma! Vou esclarecer. Segundo o dicionário, um palhaço é um ator ou comediante cuja intenção é divertir o público através de comportamento e maneirismos ridículos. Quem não ri com as “presepadas” do guia eleitoral?
O local de trabalho mais comum dos palhaços é o circo, mas também podem atuar em palcos, teatros ou como apresentadores de rua ou televisão. Muitos começam nesses ambientes e agora querem se transformar em “representantes do povo”, colocando narizes vermelhos nos contribuintes. Os palhaços modernos (postulantes a cargos públicos) se escondem por trás de discursos retóricos e demagógicos escritos por assessores que não têm a coragem de enfrentar a realidade.
Embora nem todos os palhaços possam ser facilmente identificados pela aparência, eles frequentemente aparecem pesadamente maquiados e fantasiados. Suas fantasias geralmente consistem em ternos escuros, gravatas bem talhadas ou roupas com cores características de seus partidos políticos e um número numérico de dois, quatro ou cinco algarismos.
Também costumam utilizar discursos de salvadores da pátria, citar passagens bíblicas, prometer o fim da fome, o fim da seca e muitos outros projetos mirabolantes. O mais curioso é que fico me perguntando: se esses bons homens já existiam antes de serem candidatos a um cargo eletivo e já eram gentis homens preocupados com a transformação da Paraíba e do Brasil, por que não fizeram nada antes? Por que não se uniram em prol de um objetivo comum para transformar o mundo?
Estou cansado de ouvir essas ladainhas a cada dois anos. Os que não conseguem um cargo estadual ou federal retornam dois anos depois com o mesmo discurso para os cargos municipais. O pior é que esses bons homens, que até se escondem por trás de uma religião ou de palavras sagradas, pregam tanto os valores cristãos e éticos enquanto atacam uns aos outros como se estivessem mirando no espelho televisivo.
Há quase três séculos, ocorreu a Revolução Francesa para separar o Estado da Igreja e transformar vassalos em cidadãos. Cidadania é respeitar direitos e honrar as liberdades individuais, não pregar discursos ultrapassados, homofóbicos, hipócritas e fundamentalistas religiosos.
Senhores, procurem entender o papel de um legislador. Agora eu entendo o motivo pelo qual o palhaço (pelo menos este assume seu desconhecimento da importância de um legislador) Tiririca resolveu se candidatar a um lugar no circo legislativo. Entendo, também, porque seus colegas de partido e de profissão (já que para muitos a política é profissão) o criticam. A crítica é porque o palhaço cearense é um espelho da situação política nacional. Tanto faz votar em um desses apregoadores da moral e dos bons costumes ou em Tiririca, pois, como diz ele mesmo, “pior do que está não fica”.
É muito difícil separar o joio demagógico do trigo de homens sérios que lutaram contra a corrupção, a pedofilia e os grupos de extermínio em nosso próprio estado. É difícil dizer que esses políticos, que ainda nos orgulham de tê-los na Câmara Federal, devem ser votados, pois estão em partidos de palhaços, ridículos e enganadores, apenas para engrossar a sopa de letrinhas que se transformaram essas instituições capengas e desacreditadas pela maioria dos brasileiros: os partidos. Esses partidos rachados pelos próprios membros que querem apenas os holofotes do picadeiro.
Peço a todos os eleitores que não comprem ingresso para esse espetáculo, não votem no menos pior, não votem naqueles que estão em primeiro lugar nas pesquisas. Votem apenas naqueles em que acreditam. Se não existem, têm uns botões de cores e funções características para tal fim. Não deixem esses palhaços fazerem na vida pública o que fazem na privada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário