sábado, março 06, 2010

Foto expressa e filas de banco


Para fazer a inscrição em processo seletivo com data limite para ontem (05/03) eu precisava realizar duas tarefas opostas: tirar fotos e fazer uma transação bancária. Fui informado por um colega que tinha que ser no guichê, não podia ser no caixa eletrônico. A fotografia é um processo expresso; o outro, anda a passos de tartarugas. Usar o serviço bancário é um exercício de paciência. Já o serviço de foto express é uma mão na roda.

Sou de uma época na qual para se ter fotos 3x4 demoravam-se dias. Na cidade que nasci, era preciso que o fotógrafo completasse o filme, geralmente de 36 poses. Depois vinha a Campina e “revelava” os negativos. E tinha mais, não sabíamos se o filme ia queimar. Hoje, vamos ao Calçadão, somos fotografados por belas moças, que nos mostram como ficamos ou se queremos outro clique. Em minutos estamos com nossos “retratos”, retocados pelo Photoshop.

Abençoados os tempos modernos, tempos de manipulações digitais e redirecionamento do espaço e do tempo.

No entanto, nem tudo é assim. Nas peças publicitárias, temos a impressão que os bancos são instituições perfeitas e organizadas, na qual a política da eficiência foi aplicada da melhor forma. A verdade é bem diferente. Tive que ir ao Banco Real (a agência da Rua João Pessoa, Campina Grande) lá constatei que os bancos são atrasados e clientelistas.

Cheguei na hora da abertura, às 10h, mesmo no empura-empurra e cotoveladas. É incrível nossa tolerância à fila e conformação a essa máquina de moer tempo e gente. Pois bem. Fiquei sentando, depois de pegar a senha número 0015. Abri um livro que carregava comigo (boa tática de enfrentar fila) e dei continuidade à leitura.

O tempo, este monstro que nos carrega às costas, não passa rápido, quando estamos em um banco. A cada toque da campainha do display eu levantava a cabeça e nada do meu número. Achei estranha aquela contagem, pois apareciam números após 0515, descubro que são os “atendimentos preferenciais”. Atendo a esperteza capitalista, aliada ao clientelismo: para que empresas tenham atendimento mais rápido “contratam” idosos para fazer o trabalho de office-boy. Eles não pegam fila. Jogada de mestre!

Na outra ponta do atraso do sistema bancário estão funcionários promíscuos, amigos de moças bonitas ou de clientes com “boas contas”, furam a fila e impedem que outros clientes usem o sistema, vendido como moderno e eficiente. Os não-preferenciais ficam sentados com papéis enumerados e cara de trouxa vendo as belas e os ricos serem atendidos primeiro.

Depois de esperar por mais de meia hora, um dos clientes reclamou da “sacanagem que estão fazendo com a gente. Ficam colocando gente na nossa frente, já vi passar mais de cinco”. Ele se retirou dizendo que ia fazer uma denúncia, saiu para a sala do gerente. Fui atendido. Saí concordando com tudo que aquele senhor estava falando e comprovando que a eficiência bancária é uma falácia, apenas jogo de marketing.

Foto expressa é um fato, banco eficiente é uma piada de mau gosto. O nosso sistema bancário ainda é muito atrasado. Se a fotografia está à base do clique o sistema bancário caminha a passos das tartarugas de Galápagos.

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