Essa semana, conversando com um colega, ele me cobrou a atualização de meu blog. Eu fiquei refletindo sobre o que escreveria: o consumo do Dia das Mães, a morte de Bin Laden, a aprovação história do Supremo em benefício dos homossexuais? Não. Nenhum dos temas me chamou a atenção. Então, o que escrever para meus poucos leitores?
Parei, atravessando a praça de alimentação de um shopping aqui em Curitiba e resolvi escrever sobre estereótipos. Antes de conhecer o Sul, ouvia dizer que os sulistas eram europeus que falam português. Um todo homogêneo e que não há negros por aqui. São todos altos, brancos com sobrenomes estranhos, com mais consoantes que vogais e são frios como os alemães. Bom, os poucos alemães que conheci foi aqui no Brasil, então não conta, não é mesmo?
Primeira coisa é que os curitibanos não são um todo homogêneo. São uma mistura de tribos e etnias. Já encontrei muitos orientais, negros, alguns com traços indígenas e muitos miscigenados. Eles não são apenas brancos e altos. Tem gente de todo cor, como diz a música da cantora baiana.
Quanto a serem frios... é um mito! Já precisei de informações e me atenderam com cortesia. Além de muito elegantes, são corteses. Pedem desculpa quando esbarram conosco no supermercado e são alegres. Não são sisudos como pintam. Quando ouvem meu sotaque, perguntam de onde sou, dizem alegres: “que bom!. Boa estadia em nossa terra” e dão dicas como aproveitar a cidade.
Há restaurante em tudo que é lugar. A gastronomia é uma arte aqui, não estou falando dos bairros italianos e dos restaurantes étnicos. Come-se muito bem nessa cidade. Já encontrei um restaurante que, se você é vegetariano como eu, paga no máximo R$ 5,50 por uma boa refeição.
Uma senhora, dona Rosa Maria, mas que faz questão de ser chamada de Rose, me disse que faria shucrutiz (um prato típico da cultura alemã) para eu ver que o dela é diferente do que eu havia comido. Deu-me seu cartão e me disse onde comer um “strudel delicioso, feito com massa verdadeira”. Parecia ser minha vizinha de anos de tão afetuosa.
A cidade é bem florida, suas avenidas são largas, arborizadas e muito limpas. O transporte é prático e eficiente. No entanto, os ônibus já saem dos tubos transparentes lotados, pichados e depredados. Curitiba convive harmoniosamente entre o antigo, vendido como ruínas de uma cultura idílica, e o moderno. As pessoas aqui são “modernas” e por assim serem, são tolerantes e respeitam a diversidade, seja sexual ou étnica.
Casais homossexuais aqui andam livremente de mãos dados e namoram nos inúmeros parques. Apesar de aqui existir a Liga das Senhoras Católicas de Curitiba, não vejo desrespeito com a diversidade sexual. Falaram mais nas ruas dos seis gols que o Coritiba enfiou no Palmeiras do que da morte de Bin Laden. Porém, eles não apenas se importam com futebol.
Hoje na Boca Maldita, ao redor dos cafés, bancas de revista e bancos do calçadão na Avenida Luiz Xavier (Rua das Flores), no centro, havia duas manifestações: uma para mostrar o nome dos vereadores que são contrários a CPI da Máfia das Multas (radares eletrônicos) e outra organizada pelas mães dos jovens mortos pelo ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho, que dirigia alcoolizado, a 190 km.
E assim é Curitiba, uma cidade com 19 rádios, com inúmeras livrarias e bibliotecas, dezenas de teatros, vários museus, seus 18 shoppings e suas ruas cheias de cafés, bares e bancas de revistas. Vou ali comer que o cheiro aqui tá bom e não abro mão de uma boa comida.
bom, talvez tenham esquecido de dizer que asa relações humanas são vias de mãos duplas.
ResponderExcluircom certeza, sua facilidade de aceso às pessoas foi maior por sua capacidade comunicativa, bom humor e cultura.
bom, mas o importante é que estás bem...
saudades, amigo!